sábado, 16 de abril de 2011

As pombas- Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüinea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.




Na poesia parnasiana “ As pombas” Raimundo Correia faz um jogo de comparações entre a vida de uma pessoa e o dia-a-dia das pombas.
            Basicamente na poesia, as pombas são comparadas a sonhos, os quais no auge da juventude, período de decisões, o amanhecer da vida, são deixados partir, no começo de um a um, logo indo-se em revoada. Porém as pombas ao cair da noite voltam sob duras penas aos pombais de onde partiram, mas os sonhos, aos corações das pessoas, não mais retornam.


Por Dalila Rodrigues

Abyssus - Olavo Bilac



Bela e traidora! Beijas e assassinas...
Quem te vê não tem forças que te oponha
Ama-te, e dorme no teu seio, e sonha,
E, quando acorda, acorda feito em ruínas...

Seduzes, e convidas, e fascinas,
Como o abismo que, pérfido, a medonha
Fauce apresenta flórida e risonha,
Tapetada de rosas e boninas.

O viajor, vendo as flores, fatigado
Foge o sol, e, deixando a estrada poenta,
Avança incauto... Súbito, esbroado,

Falta-lhe o solo aos seus pés: recua e corre,
Vacila e grita, luta e se ensanguenta,
E rola, e tomba, e se espedaça, e morre...


Interpretação:
1ª estrofe:
Bela e traidora! 1 Beijas e assassinas... 2
Quem te vê não tem forças que te oponha 3
Ama-te, e dorme no teu seio, e sonha, 4
E, quando acorda, acorda feito em ruínas... 5


É indicada uma mulher tida como bela, porém traidora 1 onde promete o amor ao homem 2  e, este não tendo forças para evitar o envolvimento emocional 3  se entrega à mulher 4  e quando ele se percebe numa armadilha já se encontra totalmente destruído.



2ª Estrofe :
Seduzes, e convidas, e fascinas, 6
Como o abismo que, pérfido a, a medonha
Fauce b apresenta flórida e risonha, 7
Tapetada de rosas e boninas c.


A mulher é comparada ao abismo, onde ela conquista  o homem através do fascínio, 6 assim como o abismo se utiliza da sua beleza aparente com flores risonhas 7 para atrair vitimas às suas profundezas.


a-    a-enganador, traiçoeiro;
b-    b- abertura em forma de boca
c-    c-flor da familia das Asteraceae


3ª Estrofe:
O viajor d, vendo as flores, fatigado 8
Foge o sol, e, deixando a estrada poenta e 9,
Avança incauto f... Súbito, esbroado , g 10



Um homem cansado  cansado da amargura da vida tenta achar outros caminhos, assim vendo uma possivel felicidade numa mulher 8 larga tudo 9 acabando por se deixar levar pela paixão.10


d-viajante;
e-poeirenta;
f-descuidado;
g-desfeito, pulverizado.

4ª Estrofe:
Falta-lhe o solo aos seus pés: 11 recua e corre,
Vacila e grita, luta e se ensanguenta 12,
E rola, e tomba, e se espedaça, e morre 13...


Ainda na metáfora do abismo, o homem segue em direção à mulher, mas quando percebe estar se perdendo11, tenta a todo custo escapar de seus encantos 12 até que não há mais jeito e ele se perde para sempre encontrando a sua destruição 13.

Por Dalila Rodrigues e Josicleide de Jesus

Guerra Mundial

A única vez...
                           em que o mundo 
                                                    se reúne.
Ao mesmo propósito.

Tecnologia,
               armas, bombas,
                                      gente...

Todos querem se desenvolver...
                                       sem pessoas, sem alma
                             somente soldados.

                        Sem famílias, cem crianças
                                                     mortas no pátio.

Gente correndo, gente andando,
                                           gente morrendo...
O propósito?
               Unir.
Unir todos para se matarem.
Jogaram os corpos numa trincheira
                                               para se desintegrarem...

O que é, o que há
            com o ser humano?
Não há negro, índio, amarelo, ariano...

            Todos têm o mesmo sangue,      
                                   o que derrama,
                                               o vermelho,
                                                           o coágulo.

A hemorragia da Terra.

Por Dalila Rodrigues


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Reportagem --Brasil X Bioenergia



Desde os primórdios da humanidade a biomassa é utilizada como fonte de energia, porém nunca se deu tanta importância à mesma quanto está se dando na atualidade. A crise do petróleo ocorrida em 1973 atingiu a economia brasileira de tal forma que o governo foi obrigado a procurar alternativas energéticas para o país, tendo poucos estudos na área petrolífera nacional e a sua viabilidade ser considerada duvidosa, a tecnologia energética ligada à utilização da biomassa foi implantada no país, e através da Lei da Inovação (Lei 10.973/04), o Plano Nacional de Agroenergia (PNA 2006–2011), o Programa Nacional do Álcool (Proálcool, Decreto n° 76.593/75), e o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2007–2010),o Brasil conseguiu se destacar como o país que propõe o maior investimento em estudo de energias alternativas.
A maior controvérsia acerca da implantação dos biocombustíveis no Brasil está no seu projeto de lei, onde o mesmo busca a inclusão social principalmente na região nordeste e ao mesmo tempo a cadeia produtiva está concentrada nos estados da região Sudeste, Sul e Centro-oeste com os plantios sob forma de monocultura mecanizada, os quais além de degradar o meio ambiente propõem a diminuição drástica da mão-de-obra utilizada no processo de plantio e colheita das matérias primas centralizando a renda nas mãos de quem não necessita.
A cana-de–açúcar e a soja são os insumos mais utilizados na produção de biocombustíveis, apesar de já haver estudos de outras plantas com potencial energético superior, as citadas ainda são utilizadas devido ao conhecimento sobre os métodos de cultivo que passam maior segurança ao agricultor.
A cultura cana-de-açúcar, por exemplo, é considerada pela Plataforma BNDES como insustentável, pois agride o solo, no corte apresenta condições de trabalho precárias e renda inferior para os produtores, é concorrente na área alimentícia além de produzir uma quantidade absurda de co-produtos durante a transformação alcoólica. Já a soja é um grão que apresenta baixa produtividade (em kg óleo/ha), é frágil a mudanças de temperaturas, pragas, doenças, e assim como a cana, é utilizado na indústria alimentícia.
No que diz respeito à competição com os alimentos, o argumento das autoridades gira em torno das terras degradadas do país que, segundo eles, poderiam ser tratadas e ocupadas com as culturas energéticas sem interferir na indústria alimentícia.

             No âmbito internacional como já foi citado anteriormente, o Brasil é reconhecido por seus “esforços” na parte bioenergética porém também é criticado pelo modo como trata algumas outras questões pertinentes, tais como a queima da palha da cana antes do corte o qual além de poluir o ar diminui a produtividade por desidratação, e expõe os cortadores à fuligem proveniente agravando as questões de direitos humanos.
Em suma, o projeto Bioenergético brasileiro é muito bonito, mas necessita ser aperfeiçoado e posto totalmente em prática, por exemplo, a questão das terras disponíveis não é coerente pois o governo nunca se impôs a recuperar as terras e desenvolver o plantio de culturas de interesse, do contrário está provocando o desmatamento da Amazônia enquanto milhares de pessoas estão passando fome no país, e o preço do álcool, da gasolina (+25% álcool), diesel(+5% biodiesel) estão disparando chegando, no caso do álcool a 17% de aumento no valor comercial.

Por: Dalila T. Rodrigues