Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüinea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
Na poesia parnasiana “ As pombas” Raimundo Correia faz um jogo de comparações entre a vida de uma pessoa e o dia-a-dia das pombas.
Basicamente na poesia, as pombas são comparadas a sonhos, os quais no auge da juventude, período de decisões, o amanhecer da vida, são deixados partir, no começo de um a um, logo indo-se em revoada. Porém as pombas ao cair da noite voltam sob duras penas aos pombais de onde partiram, mas os sonhos, aos corações das pessoas, não mais retornam.
Por Dalila Rodrigues
Simplesmente perfeito, tocante e revelador! Parabéns por se lembrar desse poema magistral!
ResponderExcluirPortanto, Dalila, faça com que seus sonhos voem alto, tão alto e tão distantes quanto possam, porque eles irão tão longe, onde apenas seu imaginário conseguirá ir. E se não mais voltarem - como poeticamente vaticinado pelo belo soneto de Raimundo Correia - pelo menos você os enviou muito além, em plagas remotas e insondáveis, à 'terra dos sonhos' onde ninguém jamais acessará!
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog!